EURÍDICE JOSÉ LINS DO REGO GLOBAL
Uma coisa
que José Lins do Rego não tem medo de fazer, é colocar sob sua
perspectiva assuntos que são complicados de abordar dentro do escopo da ficção.
Seus livros são fortes no contexto social e político em que os personagens
estão inseridos - sendo essa uma das características mais lembradas pelos seus
admiradores -, mas a verdade é que são seus protagonistas e coadjuvantes,
complexos e ambíguos, que tornam suas tramas ainda mais intensas de acompanhar.
Esse com certeza é o caso de Eurídice, uma obra de caráter forte, lançada pela Global Editora.
Autor de clássicos como Menino de engenho, Fogo
morto e Pedra Bonita, todos parte de ciclos (Ciclo da cana-de-açúcar e Ciclo do
Cangaço, respectivamente), Eurídice continua com fragmentos de elementos que
moldam as histórias de Zé Lins. A trama acompanha Júlio, um estudante de
direito que vai morar num cortiço, e lá conhece Eurídice. Os dois estabelecem
um relacionamento. Enquanto ela o vê como um grande amigo, Julio desenvolve uma
paixão não correspondida pela mesma.
Logo nas primeiras páginas, fica claro que todas
as dificuldades do protagonista são moldadas pela sua infância, quando é
rejeitado pela mãe e acaba se apegando demais à irmã, desenvolvendo um
relacionamento pouco saudável. Com uma forte sensação de rejeição permeando sua
jornada, o livro é dividido entre o momento que ele sofre a ruptura com a
figura materna, e quando ele se vê deixado de lado novamente, dessa vez por uma
mulher que ele vê como uma possível parceira romântica.